quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Filhos são reflexo do modo de vida dos pais

Pesquisa mostra como o comportamento e a conduta dos pais interferem no estilo de vida dos adolescentes


A importância dos pais na vida dos filhos foi tema de uma pesquisa feita com 1.485 adolescentes com idade entre 14 e 17 anos pela Universidade Federal do Paraná. O estudo confirma que a punição é ineficaz na educação, porque enfoca o erro. E joga luz sobre a conduta que os pais devem ter na educação das crianças: o ideal é saber “dialogar, dizer não, negociar, estabelecer regras e limites e pedir desculpas para seus filhos”.

A pesquisa mostra o que os filhos pensam de seus pais e suas atitudes, como o uso da violência na educação – que só alimenta problemas nas relações sociais –, aumenta a agressividade, leva à deliquência, ao abuso de drogas e afeta a autoestima. Nem mesmo as palmadas usadas para corrigir pequenas travessuras são indicadas pelos especialistas. São consideradas um fator de risco.

Segundo a psicóloga Lídia Weber, pesquisadora da UFPR e autora de dez livros, há atitudes que são essenciais na educação dos filhos. Colocar regras consistentes, lógicas e claras para a criança, oferecer modelos de comportamento adequado, incentivar a autonomia, ensinar valores morais, estar presente e ter interesse real pelos filhos, praticar a não-violência e demonstrar amor, carinho e afeto por gestos e palavras são as indicações da especialista.

Para a psicóloga Sílvia Losacco, co-coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente (NCA) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ao educar é preciso manter a coerência entre o que o adulto pensa, sente e faz nas regras dos relacionamentos, nas normas institucionais e na legislação. “O exemplo vem mais das atitudes e menos da verborragia usada com os adolescentes”, aconselha.

A pesquisa da UFPR revela que entre as crianças com autoestima elevada, 48% são filhos de pais presentes. Entre os que relatam baixa autoestima, 46% são filhos de pais omissos. Autoestima comprometida pode levar a comportamentos antissociais, abuso de drogas ou depressão. É claro que nem todos os filhos de pais violentos ou relapsos terão problemas no futuro. Todavia, muitos adolescentes em conflito com a lei vêm de famílias com perfis de situação de risco – violência, omissão e negligência.

Outros dados apontam que pais omissos têm mais chances de ter filhos envolvidos com mentiras, violência e drogas, o oposto do que ocorre quando os pais são participativos.

Segundo a pesquisa, entre os que mentem sempre, 68% são filhos de pais omissos contra 5% que são filhos de pais presentes. A participação dos pais tem reflexos em ações cotidianas, como a frequência escolar. Entre os que matam aula frenquentemente, 43% são filhos de pais omissos, contra 13% adolescentes criados por pais presentes.

O estudo aponta ainda que o número de usuários de drogas é menor nas famílias onde há mais atenção: 97% dos filhos de pais presentes e de autoritários declararam não ter consumido entorpecentes no último ano. O índice cai de acordo com a mudança do perfil parental: 92% dos que não usaram drogas são filhos de pais permissivos, e 82% de pais omissos. Entre os que admitiram o uso de drogas, 83% dos que consumiram crack, cocaína ou merla (derivada da cocaína) são dos filhos de pais omissos.


Publicado em 08/03/2009 | JOÃO NATAL BERTOTTI

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com a sua posição. mas tem filhos sem pai, orfãos que seguem caminhos diferentes, dependendo das oportunidades. tem um post parecido no meu blog se quiser ver. o link é http://wwwbatista1.blogspot.com

Anônimo disse...

Tem filhos que vou te contar, não querem nada, mesmo os pais sendo presentes e cobrando, existem uns que acham que veio ao mundo à passeio. Não concordo com essa pesquisa, pois tem família que tem 3 filhos 2 são comportados curso superior e o do meio, nem é o mais novo!(pois o mais novo é o que tem mais privilégios) Nunca quis nada com a vida, só farra. Gostaria de saber dos especialistas qual a solução para má socialização, que medidas tomar (não basta só apontar o problema)? Pois acredito que nenhum pai sente prazer em ter filhos assim! E hoje não é questão de opção ter ou não ter tempo pros filhos, a vida "moderna" exige cada vez mais especialização, atualização e aí o que fazer?