sábado, 7 de março de 2009

"Trabalhando com as Diferenças"

A Educação Infantil vem se constituindo enquanto espaço de inúmeras discussões; a cada dia cresce o número de trabalhos que se propõe a refletir sobre essa fase. Mas infelizmente ainda encontramos muitas lacunas no modo como essa educação vem sendo desenvolvida na prática. Nesse sentido é que nos propomos a apresentar algumas sugestões de como podemos explorar essa fase fundamental na formação das crianças.
Não temos a pretensão de fornecer “receitas”, mas sim de listar algumas alternativas que possibilitem o professor dar alguns passos em direção a um ensino de qualidade, já que desde a Educação Infantil podemos auxiliar na formação de cidadãos menos individualistas e mais críticos e participativos na sociedade.
Para conseguirmos esses objetivos concordamos com Kramer (1994), quando afirma que os professores devem estar em permanente formação, pois assim terão a oportunidade de “construir” e “reconstruir” suas práticas pedagógicas.
... é preciso que os profissionais da Educação Infantil tenham acesso ao conhecimento produzido na área da Educação Infantil e da cultura em geral, para repensarem suas práticas, se reconstruírem enquanto cidadãos e atuarem enquanto sujeitos da produção de conhecimento. E para que possam, mais do que “implantar” currículos ou “aplicar” propostas à realidade da creche/pré-escola em que atuam, efetivamente participar da sua concepção, construção e consolidação.p.19).

Algumas idéias...
A Educação Infantil enquanto fase inicial da educação formal tem o poder de despertar na criança o gosto pela leitura, escrita e matemática entre muitos outros. Isso vai depender da forma como essa criança é estimulada e incentivada.
Nesse sentido, essa fase em que as crianças começam a freqüentar a escola deve ser marcada com muita alegria.


sugestões:
O professor enfeita uma caixa de papel e cola um espelho no fundo. Ela será entregue ao professor na porta da sala de aula. O mesmo ficará muito feliz ao recebê-la. Depois de abrir a caixa, o professor relatará sua alegria ao receber aquele presente e instigará os alunos a descobrirem o que há na caixa. Cada aluno é convidado a ver o que há na caixa. É importante que a criança não comente com os colegas o que viu. Á medida que as crianças se vêem no espelho sentem uma grande alegria. O professor deve aproveitar a oportunidade e trabalhar a auto-estima e o valor de cada um na sala de aula.
Criar com a turma um cartaz de “combinados” através de discussões sobre o que podemos ou não fazer na escola. O professor pode aproveitar a oportunidade e refletir com as crianças sobre algumas questões de boas maneiras, como: cumprimentar, despedir, agradecer, pedir licença, dizer “por favor”, desculpar-se, ser gentil e elogiar quando necessário.
Como forma de estimular o valor de cada aluno é importante na Educação Infantil um trabalho com os nomes. O crachá é um importante recurso e deve conter o primeiro nome, escrito em letra de imprensa maiúscula. O professor pode explorar várias atividades com o mesmo, entre elas: crianças organizadas em círculo e os crachás no meio. O professor fala o nome de uma criança que deve pegar o seu crachá e colocar na sua frente, no chão, de modo visível a todos. Outra forma é colar os crachás no quadro e pedir que cada aluno reconheça o seu e busque-o.
Na área livre da escola o professor desenha várias casinhas no chão, cada uma com uma letra. Os alunos devem ficar em círculo e de posse com seus crachás. O professor mostra e diz uma letra. As crianças que possuem aquela letra no início do seu nome devem correr e entrar na casinha daquela letra. A brincadeira continua com o professor mostrando e “cantando” outras letras.
Cada criança receberá uma folha com a primeira letra do seu nome, para fazer um trabalho artístico. Poderá utilizar palitos de fósforo, brocal, raspas de pontas de lápis de cor, giz de cera, entre outros. Os trabalhos devem ser expostos para toda escola.
As crianças gostam de serem úteis, portanto, o professor pode sortear diariamente, no início das atividades, uma dupla de alunos para serem os ajudantes da sala. Os nomes dessas crianças podem ser fixados em um cartaz próprio para a função.
Para explorar a matemática o professor pode contar com a turma diariamente o números de crianças presentes na sala e questionar: Quantos somos hoje? Há mais, meninos ou meninas? Quantas crianças estão ausentes?
A sala de Educação Infantil também não pode deixar de ter um calendário. O professor deve chamar a atenção de todos para os aniversários da turma, para as datas comemorativas, dias da semana, meses do ano, numerais, entre outros.
A respeito dos aniversariantes, é importante também um cartaz no qual são fixados os nomes das crianças que fazem aniversário no presente mês. O professor pode questionar qual é o nome com mais letras, qual contém menos letras, quem faz aniversário primeiro, entre outros.
Com intuito de trabalhar também a questão da observação é importante dialogar com os alunos a questão do tempo. Nesse sentido, o professor pode pedir que as crianças observem e relatem o aspecto do dia: ensolarado, nublado, chuvoso. Com o uso de fichas que contenham desenhos, os próprios alunos podem construir um cartaz sobre o tema.
É importante que os alunos registrem experiências através de desenhos. Em seguida, cada um pode contar para turma o que desenhou.
O professor pode registrar no quadro uma história contada por um aluno e deixar que ele a ilustre.
É importante criar um ambiente alfabetizador. Os alunos devem ter a oportunidade de explorar materiais escritos de diversos tipos como: revistas, livros, jornais, rótulo, propagandas, afinal, muitas dessas crianças não tem acesso a livros em casa, e com esse tipo de trabalho ela poderá perceber que a escrita está em todos os lugares.
O cantinho da Leitura é uma alternativa para que a criança possa escolher o livro que mais lhe interessa. Mesmo que não seja alfabetizada ela já faz a leitura da capa, das ilustrações e constrói sua própria história. Nesse espaço deve haver o maior número possível de portadores de texto: literaturas infantis variadas, revistas em quadrinhos, dicionários, jornais, rótulos, caixa com letrinhas, propagandas, álbuns ilustrados, agendas, entre outros.
A turma poderá ter também uma “mini-biblioteca”, que permitirá aos alunos levarem para casa literatura.
No final de cada semana o professor pode pedir que cada aluno escolha um livro para levar para casa, para que os pais leiam para as crianças ou vice-versa.
Para desenvolver a imaginação, a criatividade e a linguagem oral das crianças, professor e alunos podem com o uso de sucatas construírem um teatro de fantoches e seus personagens. Os fantoches de varas também são uma excelente alternativa, pois são práticos e divertidos.
Pedir que as crianças recortem de revistas gravuras de animais, pessoas, objetos, plantas, flores e montem uma cena. Em seguida pedir que cada um conte uma história sobre a mesma.
Pedir que cada aluno recorte de uma revista uma foto que se pareça com ela e cole em uma folha. Em seguida pedir que faça a tentativa de escrita do seu nome. Ao colar os trabalhos da turma no mural o professor poderá fazer uma votação da gravura mais parecida com a criança ou levar a classe a comparar as características físicas, cor do cabelo, formato do rosto, entre outros.
O professor pode desenvolver em seus alunos noções topológicas através de experiências concretas, o que as levará a perceber sua posição em relação a tudo que a cerca. Uma forma é formar fileiras de cinco alunos que imitarão um “trenzinho”. O primeiro da fila é o maquinista. Em seguida questionar: Quem está na frente de todos? Quem está atrás de todos? Quem está atrás do maquinista?
Para trabalhar conceitos como “dentro” e “fora” o professor pode mediante círculos traçados no chão do pátio, pedir aos alunos que nomeiem objetos que estão dentro ou fora do círculo. Pode-se também pedir que as crianças relatem o que tem dentro da mochila, da lancheira, entre outros.
Desenvolver comparações de “menor” ou “maior” com as crianças utilizando sucatas.
Para explorar a questão de “direita” e “esquerda” o professor pode utilizar o “banho de papel”. Com o papel embolado servindo de bucha o professor dirige o banho: esfreguem a orelha direita, lavem o joelho esquerdo, bucha na mão direita, entre outros.
Para trabalhar noções de conjunto, pedir que os alunos tragam de casa rótulos e partes de embalagens diversas como: biscoitos, sucos, refrigerantes, gelatinas, detergentes, ... Com a sala dividida em grupos, eles deverão separar as embalagens de acordo com as semelhanças existentes entre elas, a critério dos alunos: alimentos, materiais de limpeza, bebidas, entre outros.
Pedir que as crianças fiquem em pé no pátio da escola. Enquanto o professor conta uma história elas devem interpretá-la através de movimentos corporais.
Pedir as crianças para formarem duplas. Um deles deitará sobre uma folha de papel grande, enquanto o outro fará traçados do seu corpo com giz. Os desenhos poderão se utilizados para salientar partes do corpo.
Para trabalhar a questão da atenção, levar as crianças para o pátio e pedir que fiquem em semicírculo. O professor deve ficar em uma posição destacada para liderar a brincadeira e diz: _ Este é o meu pé. E mostra a cabeça, por exemplo. As crianças deverão estar atentas para seguir o que o professor diz e não ao seu gesto, e devem então mostrar o pé.


Algumas considerações
Como podemos perceber essas alternativas para a Educação Infantil são simples, mas quando utilizadas podem conduzir a resultados fantásticos. Através do lúdico as crianças com certeza serão mais alegres, felizes e motivadas.
O aluno estará inserido em um espaço propício a aprendizagem e aprenderá de forma interessante o que antes era trabalhado de forma mais cansativa.

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